A inteligência artificial (IA) tem o potencial de melhorar diversas áreas na saúde, e muitas empresas já estão aplicando o poder da IA para projetar novos medicamentos de maneiras mais rápidas, e mais eficientes.
Existe um longo caminho para levar um medicamento do laboratório até os pacientes. A descoberta e o desenvolvimento de novos tratamentos são processos caros, longos e incertos; muitos candidatos aparentemente promissores falham rotineiramente nos testes obrigatórios. No entanto, os avanços em inteligência artificial na indústria farmacêutica devem acelerar drasticamente a taxa na qual medicamentos promissores são identificados.
Hoje é cada vez mais comum ver empresas farmacêuticas em parceria com empresas de biotecnologia baseadas em inteligência artificial, e organizações de pesquisa sendo contratadas para desenvolver plataformas de IA para a descoberta e o desenvolvimento de novos medicamentos.
Ferramentas de IA conseguem processar rapidamente o conteúdo de grandes bibliotecas de drogas potenciais, e a vasta literatura médica também pode ser analisada para garantir que erros não sejam repetidos.
O enorme potencial desta área levou à fundação de muitas empresas que usam a IA de diferentes maneiras, no entanto, apenas algumas estão conseguindo chegar aos ensaios clínicos. Conheça a seguir as seis empresas que estão liderando a corrida para ter os primeiros medicamentos desenvolvidos com IA no mercado.
Exscientia
A Exscientia foi uma das primeiras a aplicar a IA no desenvolvimento de medicamentos, e tem como foco a rápida identificação de medicamentos com maior probabilidade de sucesso em testes clínicos.
O primeiro candidato a medicamento projetado por IA, para o tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo, começou os testes em humanos em 2020, em colaboração com a farmacêutica Sumitomo Dainippon. A Exscientia levou 12 meses para iniciar os ensaios clínicos, em vez do tempo médio da indústria, que é de cerca de cinco anos.
A empresa tem muitas parcerias com grandes farmacêuticas e a indústria de biotecnologia, como Evotec, Bristol-Myers Squibb, Bayer e Sanofi, para desenvolver tratamentos de oncologia e imunologia.
Recursion
A Recursion foi fundada em 2013, nos Estados Unidos, e possui um laboratório automatizado para realizar até 1,5 milhão de experimentos por semana, para doenças que podem ser modeladas no nível celular.
Além disso, a empresa usa técnicas combinadas de IA para acessar e combinar informações de diversos bancos de dados de produtos químicos e informações biológicas, e extrair informações relevantes, por exemplo, usando análise de fenótipo.
A Recursion tem foco em doenças raras e tem dois medicamentos candidatos, para malformação cavernosa cerebral e neurofibromatose tipo 2, em fase II de ensaios clínicos e dois candidatos, para polipose adenomatosa familiar e GM2 gangliosidose, na fase I.
Benevolent AI
A BenevolentAI foi fundada em 2013, e além de sua plataforma de IA, tem sua própria equipe farmacêutica própria para desenvolver ativos potenciais em diversas áreas, como doenças inflamatórias intestinais, dermatite atópica, câncer e doença hepática não alcoólica, entre outros.
A empresa tem um medicamento para dermatite atópica em fase I/II e a sua plataforma de IA foi fundamental na identificação de um tratamento para COVID-19 durante a pandemia: o medicamento para artrite reumatóide baricitinib, que provou acelerar a recuperação de pacientes hospitalizados com COVID-19 e recentemente obteve a aprovação do FDA para o tratamento de pacientes adultos hospitalizados com a infecção.
Insilico Medicine
A Insilico Medicine foi fundada em 2014, em Hong Kong, e desenvolveu um modelo de aprendizado de máquina que usa redes neurais para procurar novos alvos de drogas. Ao contrário de outras empresas, ela está usando IA para desenvolver todo o pipeline de descoberta de medicamentos.
Em dezembro de 2021, a empresa anunciou seu primeiro projeto de IA, e o potencial medicamento chegou aos ensaios clínicos em menos de três anos. O candidato é projetado para tratar a fibrose pulmonar, uma doença pulmonar rara e de difícil prognóstico.
Outros alvos que ainda não estão em fase de ensaio clínico incluem doenças intestinais, câncer e COVID-19, e recentemente a empresa anunciou ter identificado 28 novos alvos potenciais para o tratamento da esclerose lateral amiotrófica - ELA.
Relay Therapeutics
A Relay Therapeutics foi fundada nos Estados Unidos em 2016, e tem como foco o desenvolvimento de medicamentos oncológicos e doenças genéticas. A empresa usa uma abordagem de três vias combinando o trabalho de biologia estrutural para avaliar o movimento de proteínas, dados genômicos e IA.
A Relay tem dois medicamentos candidatos em ensaios clínicos iniciais, assim como outros na fase pré-clínica. O candidato mais avançado é um inibidor seletivo oral de pequenas moléculas do FGFR2, um receptor de tirosina quinase que é alterado em alguns cânceres. O segundo é um alostérico, pan-mutante (H1047X, E542X e E545X) e inibidor seletivo de PI3Kα isoforma – PI3Kα é a quinase mais frequentemente mutada no câncer.
A empresa mantém uma parceria com a Roche Genentech para o desenvolvimento de outro medicamento contra o câncer, um inibidor de SHP2.
Valo Health
A Valo Health é a empresa mais nova nesta lista, fundada em 2019 nos Estados Unidos. A empresa possui um sistema de desenvolvimento de medicamentos completo, utilizando sua plataforma computacional para traduzir dados em potenciais medicamentos para desenvolvimento.
Atualmente a empresa está trabalhando em diversas áreas de terapia como: doenças cardiovasculares, metabólicas, renais, oncológia e doenças neurodegenerativas.
A Valo já tem dois candidatos a medicamentos licenciados em ensaios clínicos de fase II, bem como muitos em desenvolvimento. Um candidato clínico é um medicamento para retinopatia diabética e o outro é um tratamento para melhorar os resultados cardiovasculares (especificamente disfunção ventricular esquerda) após infarto do miocárdio.
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